Meia hora depois, o Cherokee de
Kevin entrava no jardim da casa. Rita, que já estava na varanda,
correu na direção de Kevin e abraçou-o, beijando-o
logo em seguida. Nick ficou meio sem graça, assim como Bel que estava
saindo da casa e contemplou a cena. Rita logo percebeu que estava constrangendo
os amigos e tratou de apresentá-los.
- Nick, essa é uma grande amiga minha
e de Marcela. o nome dela é Bel. Bel, esse é o Nick, mas
você já conhece. –Rita disse.
- Prazer, Bel. –Nick disse, dando um beijo
em seu rosto, que corou logo em seguida.
Bel foi apresentada a Kevin e
convidou-os para entrar. Enquanto Rita e Kevin “conversavam” na sala, Bel
mostrava a Nick a casa. O cômodo que ele mais gostou foi a cozinha.
Deliciou-se com as tortas de Marcela. numa das conversas, ele disse que
quem iria adorar aquele lugar seria Brian, porque era calmo. Bel ficou
toda orgulhosa, mas logo seu entusiasmo acabou porque ela lembrou-se que
Brian agora era um homem comprometido com uma amiga de Rita e Marcela.
Eles conversaram muito e quando
as garotas deram conta, já estava na hora do trabalho. Kevin fez
questão de deixar as duas na firma, mas elas disseram que não
seria necessário pois não teriam como voltar depois. Elas
os acompanharam até a porta e Rita foi com Kev até o carro.
- tem certeza que vai ser uma boa idéia
se o AJ vier aqui?
- Claro que sim, Kev. A Marcela precisa parar
com essa implicância toda com o AJ. e acho que vai começar
agora.
Quando eles falavam de AJ, eis
que ele aparece na casa, em um Porsche preto, cantando pneus.
- Oi, Rita! Há quanto tempo! –ele disse
abraçando-a.
- AJ, o que você está fazendo
aqui? Como descobriu aonde eu morava? –perguntou Rita.
- Ah, eu peguei o endereço que o Kev
anotou em um papel e vim até aqui. Poxa, bela casa.... –ele disse,
enquanto contemplava a mansão.
Nisso, Bel veio de dentro da
casa com Nick. AJ olhou-a surpreso.
- E com uma bela vizinhança... –ele
disse, com a voz rouca.
- AJ, controle-se por favor. –disse Kevin.
–Essa é a Bel, amiga da Marcela e da Rita. Elas são companheiras
no escritório.
- Muitíssimo prazer... –disse AJ, enquanto
beijava Bel no rosto. Bel sentiu-se nua com os olhares que AJ dava a ela.
- Bem, AJ. A Marcela não está
aqui. É melhor você voltar mais tarde. –disse Rita.
- Tudo bem. Mas vocês vão fazer
alguma coisa agora?
- Vamos trabalhar. –disse Bel.
- Então que horas eu posso voltar?
- Lá pelas 5. Ela já vai Ter
chegado.
AJ deixou a casa, seguido por
Kevin e Nick. 20 minutos mais tarde, as garotas foram para o escritório.
Encontraram com Marcela, que já estava encerrando o expediente,
mas não contaram a ela que AJ iria até lá mais tarde.
Antes de ir pra casa, Marcela
deu uma passadinha rápida no supermercado e comprou algumas rosquinhas.
Era totalmente apaixonada por aquelas coisinhas desde que havia ido para
os Estados Unidos pela 1a vez. Passou também pelo Mc Donald’s e
comprou alguns sanduíches. Sabia que as garotas iriam ficar até
tarde no escritório e detestava cozinhar só para ela. sempre
sobrava alguma coisa.
Dirigiu seu novo carro, que era
um Mustang prata até a casa. Entrou no jardim e ficou contemplando
aquele paraíso por alguns minutos antes de ir para dentro. Chegando,
tirou logo a roupa e foi para o banho. Estava tão cansada que resolvera
não tomar banho na sua suíte. Resolveu fazê-lo no banheiro
social, mas antes foi até a sala, vestindo apenas a lingerie preta
e colocou um CD para tocar. Dentre muitos, escolheu Djavan, que ela adorava.
Sorriu quando o aparelho, que estava em Shuffle, escolheu a música
“Te Devoro”. Ela amava aquela canção. Não sabia dizer,
mas combinava com AJ...
Música escolhida, ela
entrou na banheira em paz. Tomava seu banho, sempre pensando nos problemas
que teria de resolver no dia seguinte. Era incrível como aqueles
meses que se passaram ela não havia pensado em AJ nem nos outros.
AJ entrou no jardim e viu um
carro estacionado. “Ela tem bom gosto para carros...”, ele pensou enquanto
estacionava o Porsche ao lado do Mustang. Ele, entes de entrar, ainda ficou
meio receoso, com medo da reação dela. Mas a saudade que
sentia era bem maior que o medo que invadia o corpo dele.
Bateu na porta principal, mas
ninguém atendeu. O som estava alto, por isso ela não iria
ouvir. Resolveu tentar a maçaneta, e descobriu que a porta estava
aberta. Entrou na casa e chamou por Marcela, que não respondeu.
Resolveu então sentar no sofá e esperar. A música
que tocava chamou sua atenção. “Te Devoro” ainda tocava e
ele descobriu-se muito interessado em saber o que aquelas palavras significavam.
Ele então levantou e foi até o aparelho de som, mexendo em
todos os botões para poder ouvir mais músicas daquele cantor.
Marcela, que havia acabado o
banho e estava se enxugando, ouviu uns barulhos estranhos vindo da sala,
mas não deu muita importância. Estava achando que o CD devia
estar com algum problema. Colocou o roupão branco, coisa que nunca
fazia. Preferia “walk around naked”, como AJ, mas resolvera colocar o roupão
não sabia o porquê.
Quando saiu do banheiro, que
ficava no fim do corredor do 1o andar, Marcela ouviu uma de suas músicas
favoritas de Djavan: “Oceano”. Ficou encostada na parede por alguns instantes.
Foi caminhando até a sala para aumentar mais o volume, quando viu
AJ mexendo no som. Ela se assustou:
- Que diabos você está fazendo
aqui?????? –ela gritou.
- Calma, Marcela! sou eu, o AJ.
- Eu sei que é você! Quem te
deu o direito de entrar na minha casa?
- Calminha, Marcela. A Rita e a Bel disseram
que eu podia vir mais tarde pra falar com você.
- Bel? Quem te deu intimidade para falar assim
da minha amiga?
- Você está com ciúmes?
–ele perguntou, olhando-a mais atentamente.
- Me poupe, AJ. Quer sair daqui?
- Sabia que você fica linda de roupão?
–ele então ficou olhando com inveja as gotinhas de água que
escorriam pelo pescoço dela e desciam entre a abertura do roupão
branco.
- Quer parar de me olhar assim? E faz um favor.
Vai embora! –ela continuou atacando-o.
- Eu não vou. Suas amigas disseram
que eu podia ficar.
- Ótimo. Então fique. Eu vou
para meu quarto. Tenho mais o que fazer.
- Espera, Marcela...
- Passar bem, AJ.
Marcela subiu as escadas e foi
para o quarto, deixando AJ sozinho na sala. Bateu a porta e deixou o roupão
cair. Deitou-se nua na cama e ficou pensando como seria bom se ele arrombasse
a porta e entrasse lá. Ela sabia que ele era louco mas nunca faria
uma coisa daquelas. Ela então levantou-se e pegou um vestido branco
de algodão que ela adorava usar. Ele era bem comprido e confortável.
Quando Marcela acabava de pentear os cabelos, ouviu uma batida na porta.
- Quem é? –ela perguntou.
- Sou eu, Marcela.
- Ai, vai embora, AJ! eu não tô
afim de ficar ouvindo você. –Marcela respondeu.
- Sabia que toda vez que você fala “vai
embora” parece que você quer que eu fique?
- Sabia que eu quero que você fique?
Tanto quanto uma dor de dente...vai embora!!! –ela gritou.
- Credo! As pessoas saem de suas casas para
falar com as outras e só levam patadas. Já vi que realmente
não foi uma boa idéia vir até aqui. Tchau, Marcela.
Ela encostou-se na porta e ouviu
os passos dele pelo corredor. Sentiu uma pontada no coração
quando ouviu aquelas palavras dele. por que ela sempre se sentia culpada
quando ele dizia alguma coisa? Ele era o errado, invadiu a casa dela, ficou
falando coisas estúpidas, ele era o único culpada. E por
que ela sentia-se na obrigação de pedir desculpas a ele?
Dez minutos depois, ela saiu
do quarto. Ia passando pela sala, quando avistou AJ sentado no sofá.
Ela deu um sorriso sarcástico:
- Você ainda está aqui? Não
tem nada pra fazer não? –ela perguntou.
- Você se importa se eu tenho?
- Não, o problema é que você
está na minha casa e eu não quero te ver aqui.
- Que eu saiba essa casa também pertence
a duas de suas amigas que são minhas amigas também.
- A Bel é sua amiga? –ela perguntou,
soltando um sorrisinho irônico.
- Ainda não. Mas vai ser.
- Era só o quê me faltava...
Marcela deu as costas para ele
e foi até a cozinha. Quando ia abrindo a porta da geladeira, viu
um recadinho de Rita: “Nunca faça aos outros o que não quer
que façam a você.”. “Minha amiga anda filosofando com o Howie...”,
pensou ela. por um momento até que Rita tinha razão. Não
gostaria de ser tratada daquela maneira por AJ. Ela foi até a sala
e encostou-se numa das pilastras que separavam os dois cômodos:
- AJ, posso te perguntar uma coisa?
- Resolveu falar comigo?
Ela ignorou o comentário
dele e prosseguiu.
- Você me desculpa?
- O QUÊ??!>?!<!?!>?!?!>?!>!?!>?!>
(é, ele realmente ficou surpreso...)
- É que eu tive um dia meio ruim lá
no trabalho.
- Você é maluca, sabia?
- Eu? Por quê?
- Num minuto atrás estava me atacando
e agora pede desculpas. O quê aconteceu? Bateu com a cabeça
na parede da cozinha?
- Olha aqui, eu quero fazer as coisas direito,
mas se você não quer, por mim tudo bem.
Ela ia virando as costas novamente
e ir para a cozinha quando AJ aproximou-se dela e pegou-a pelo braço.
- Perái...eu não disse que não
aceitava as suas desculpas... –a voz dele saiu quase como um sussurro,
o que fez Marcela arrepiar-se. Ela tentou a todo custo se controlar. E
sorriu, soltando-se delicadamente dele e indo para a cozinha.
- Quer comer alguma coisa? –ela perguntou.
- Não...
- Ah, deixa de bobeira. Você deve estar
com fome. Eu não sabia que ia Ter alguém hoje aqui e por
isso não preparei nada pro jantar. As garotas quando vão
trabalhar no escritório na parte da tarde sempre jantam por lá.
E eu detesto fazer comida para uma pessoa só.
- E o quê você vai comer?
- Eu passei no Mc Donald’s e comprei alguns
sanduíches. Quer um?
- Hummm, Mc Donald’s? Adivinhou meus pensamentos.
Marcela tirou do microondas os
Quarteirões com Queijo e os Big Macs especiais ( EU DETESTO PICKLES!!!!).
Ele ficou observando-a enquanto ela pegava os refrigerantes na geladeira.
Fechou a porta com a bunda, o que fez AJ olhá-la com desejo, mas
ela não percebera. Ela deu um prato com 1 sanduíche de cada
e foram para a sala. Comeram vendo TV. A cada minuto, Marcela trocava de
canal. Não conseguia ver apenas um programa. Até que finalmente,
a MTV começou a mostrar um especial deles. O show de Millennium
havia sido o escolhido.
Ela correu para o 3o andar da
casa, sem falar nada a AJ, que ainda se deliciava com o Quarteirão
com Queijo. De repente, ela pulou na frente da televisão e colocou
uma fita para gravar o que estava passando. AJ olhou-a som atenção
e sorriu. Nem parecia a Marcela que o estava atacando. Ela estava como
uma menininha que havia visto a coisa mais fabulosa do mundo. Ele não
conseguia compreender como ela mudava tanto em tão pouco tempo.
Marcela nem havia percebido do
mico que estava pagando, correndo pela casa como uma maluca para gravar
um show que já havia visto uma centena de vezes. Nem se dera conta
de que AJ McLean estava ali com ela. Estava apenas reagindo a um impulso
incontrolável que ela achava que não sentia mais. O de correr
e gravar tudo que passava de seus meninos. Quando o show começou
e ela havia finalmente se controlado, começou a rir. AJ não
entendera muito bem. ( por favor, salvem ele!!! O cabelo dele devia estar
loiro nessa época...ou o convívio com o Nick afetou os poucos
neurônios que ele tem...). AJ pôde perceber que Marcela cantava
todas as músicas, não errava uma letra, aquilo o deixou feliz.
Ele até havia esquecido o fato dela ser fã deles.
- Se eu soubesse que você iria ficar
assim, tinha cantado antes... –ele sussurrou aos ouvidos dela.
- Prefiro a televisão. –ela respondeu
sem olhar pra ele.
- Não dá pra acreditar. Tem
uma pessoa que faz parte do grupo que você admira na sua sala e você
diz que prefere ficar ouvindo ou vendo apresentações pela
televisão? –ele pareceu surpreso.
- Ah, AJ, vai começar? Quem é
você pra me dizer o que é melhor ou pior?
- Tá bom, tá bom, não
vamos discutir sobre isso. Não vamos estragar a nossa noite...qual
a música que você mais gosta?
Marcela sorriu. Ele acabara de
fazer uma pergunta muito difícil. Nunca saberia responder. Gostava
de uma música a cada dia. Cada momento tinha uma trilha sonora.
Num dia mais alegre, as escolhidas seriam Missing You e You Wrote The Book
On Love; num dia triste, Who Do You Love e Can’t Stop Thinking About You.
Ou nos dias que estava muito louca, adorava ouvir Larger Than Life ou a
sua mais do que amada Lay Down Beside Me. Marcela olhou pra ele e balançou
a cabeça:
- De acordo com o meu humor, hoje a favorita
escolhida seria Don’t Want You Back. –e ela começou a rir.
- Nossa, seu humor tá uma coisa então...
–ele riu também.
- É brincadeira...eu gosto de todas
as músicas...
- Posso te dizer uma coisa?
- Claro, AJ!
- Não me entenda mal, mas você
fica muito mais linda quando está rindo.
- Posso te dizer uma coisa?
AJ preparou-se para o ataque.
Não conseguia entender porque, depois do beijo que eles trocaram,
ela ainda o tratava como se fosse uma pessoa estranha. Ele havia mais uma
vez tocado na parte sentimental de Marcela e agora teria que agüentar
o trator que iria vir para passar por cima dele sem nenhuma piedade.
- Fala, Marcela. –ele disse, um pouco acuado.
- Você também.
- Eu o quê?
- Fica muito mais bonito quando está
rindo. Não sei porque você insiste tanto em ficar sério.
Não tem motivo nenhum pra isso.
AJ observou-a atentamente. Ainda
não conseguia acreditar que ela havia dito aquilo dele, que o havia
elogiado. Foi se aproximando, o clima estava previsível para o quê
ia acontecer. AJ foi chegando mais perto dela, que ia chegando para trás,
até que chegou o fim do grande sofá azul marinho que as garotas
tinham na sala. Num impulso, Marcela levantou-se e se ajeitou, sem olhar
pra ele. AJ ficou olhando para Marcela como se não estivesse acreditando
que ela havia fugido dele.
Marcela caminhou até a
cozinha com os pratos e os copos na mão, como se nada houvesse acontecido.
Ela colocou os copos dentro da pia e só então pensara no
que esteve para acontecer. Não sabia dizer se havia gostado ou não,
mas a 1a coisa que viera à sua cabeça era que tinha que fugir
dele. enquanto pensava, AJ matutava uma forma de retomar o que eles estavam
para quase fazer. Ele não conseguiu achar nada, então ficou
furioso, já estava cansado de levar foras dela, estava achando que
ela não era “nenhuma Brastemp...” (se ele soubesse a expressão,
ele pensaria assim...lol).
Marcela ia voltando para a sala
com a intenção de pedir desculpas por Ter fugido dele daquele
jeito. Para falar a verdade, ela estava louquinha para beijá-lo
novamente.
Quando chegou a sala, encontrou
AJ olhando para ela. ela sorriu, mas ele não sorriu de volta. Ela
achou que poderia Ter acontecido algo naquele meio tempo, mas não
disse nada. Apenas sentou-se ao lado dele.
- Sabe... –ele começou. –Isso foi muito
engraçado.
- O quê, AJ? –ela perguntou, surpresa
com o tom de ironia na voz dele.
- Você.
- Eu? O que tem eu?
- O jeito como você age...
- O que eu fiz?
- Age como se não tivesse acontecido
nada entre nós.
- Não aconteceu nada entre nós,
AJ. Foi só um beijo.
- Que você gostou, pode admitir.
- Vai começar, AJ? qual o seu problema?
–ela estava começando a ficar furiosa. Detestava quando um homem
começava a contar vantagem.
- O meu problema é você. O jeito
que você fica....
- De que jeito eu fico?? –ela gritou, levantando-se
do sofá.
- Como uma menininha...toda ofendida...
- Ah, AJ, faça-me o favor!!! –ela deu
as costas pra ele e caminhou em direção à cozinha.
- É isso mesmo, uma garotinha inocente
que nunca provou nada relacionado a sexo!! Cresce, Marcela, você
já passou dessa idade!!
- Ô, AJ, me responde uma coisinha: quem
é você? Tem algum relacionamento comigo? Acho que não,
então é melhor você ir embora antes que eu te fale
umas coisas que você não vai gostar....
- Que coisas? Fala logo! –ele também
gritou e levantou do sofá.
- Você quer mesmo saber? Acho que você
não é isso tudo que as garotas falam, que você é
um idiota exibicionista, e olha quem me fala de ser criança, inocente....provoca-me
risos, AJ!!
- O que foi, agora fala tudo!!
- Me chama de garotinha, mas é melhor
ser uma garotinha do que ser parecido com um adolescente de 15 anos que
não consegue controlar seus hormônios ou o pior.... –ela ensaiou
uma risadinha. –que sofre de ejaculação precoce!!
- Vai pro inferno, Marcela!!! –ele disse,
batendo a porta da casa com violência, enquanto ela ria.
Assim que ele saiu, Marcela correu
para seu quarto. Deitou na cama e ficou pensando no que ele havia lhe dito.
Será mesmo que agia como uma garotinha inocente? Adormeceu pensando
naquilo e nem ouviu as garotas chegando do trabalho.
No dia seguinte, Marcela tomou
café com as garotas que não perguntaram a ela como havia
sido a noite e ela também não comentara nada.
As três foram para o escritório
e no meio do dia, Rita recebeu um telefonema de Kevin convidando-a para
almoçar. Ela aceitou, é óbvio. Marcela ficou trabalhando
num caso de Rita junto com Bel para que a amiga pudesse aproveitar o dia
com seu namorado.
Kevin levou Rita a um charmoso
restaurante japonês que tinha perto do escritório dela. Eles
entraram sem ser notados e sentaram numa mesa bem reservada num canto.
- estou sabendo que a entrevista na MTV foi
um sucesso. Foi uma pena eu não Ter podido assistir...mas também!
Passaram a entrevista tão cedo!!! –Rita reclamava.
- Não fica assim, eles vão reprisar
e além do mais, não foi nada de tãããão
especial... –Kevin disse, fazendo o tão parecer tão sexy
que Rita quase teve um ataque.
- Mesmo assim, não gostei da idéia....
- Vamos combinar uma coisa. Quando tiver mais
uma entrevista na MTV eu te ligo e eles só vão transmitir
se você estiver desocupada, combinado? –ele perguntou, beijando a
mão de Rita.
- Hummm, boa idéia... –ela beijou-o
os lábios dele de leve.
A refeição chegou
e eles não conseguiam largar-se um do outro e de todos aqueles pratos
deliciosos. Kevin e Rita já estavam “meio” altos por causa do saquê,
então Rita ligou para o escritório para falar com Marcela
ou Bel. Quem atendeu foi a Segunda:
- Fala!!!
- Oi...Bel...eu...eu tô...aq...aqui,
com o Kevvvvv.....
- Rita, cê tá bem?
- Tô.....le...legal....e você????/
- Você tá bêbada, Rita?
O Kevin te embebedou?
- Xiiiiii, ô Bel....repe...repete a
pergunta....e fa...fala mais....devagar....bem calma....tá
bom?
- Ai, meu Deus, Rita, espera aí!!!
Bel foi correndo até a
sala de Marcela, que estava em cima de uma escada procurando uns arquivos
de casos antigos.
- Marcela, corre, aqui!!!!!
- O quê aconteceu, Bel? Calma!!!
Elas chegaram à sala de
Bel, que foi explicando a estória de Rita pelo caminho.
- Rita!!!! Enlouqueceu de vez?
- Eu? Eu tô bem!
- Posso perceber pela sua voz. Faz uma coisa:
fica aí que eu pego vocês dois no restaurante...
- M...mas, Marcela.....
Marcela já havia desligado.
Exatamente 4 minutos depois, Marcela estava dentro do restaurante com os
dois. Levou algum tempo para convencer Kevin de deixá-la dirigir,
mas eles saíram sem problemas.
Marcela levou-os para a casa
delas, onde poderiam descansar em paz. Marcela colocou-os no quarto de
Rita e depois deu um café bem amargo para eles e saiu para o escritório.
Afinal de contas, tinha que resolver os casos dela e os da amiga também.
Algumas horas mais tarde, Rita
acordou e foi como se uma bomba houvesse caído sobre sua cabeça.
Era o efeito do saquê. Ela olhou para o lado e viu que Kevin estava
lá também. Logo um pensamento não muito agradável
veio à sua cabeça: será que ela havia dormido com
ele? Ela levantou da cama assustada e quase caiu no chão, ainda
estava meio tonta. Sentou-se numa poltrona azul no canto do quarto e ficou
esperando ele acordar. Não fazia a mínima idéia de
como havia parado naquela cama, ainda mais com ele ao seu lado. Não
se lembrava que Marcela havia levado ambos para lá.
Meia hora depois, Kevin acordou,
meio tonto também. Ele olhou para Rita, que estava assustada, ela
nem percebera que ele estava de roupa. Foi logo fazendo a pergunta crucial:
- Kevin, o quê você está
fazendo aqui na minha cama?
Ele olhou-a meio surpreso e depois
deu um sorriso malicioso, o que só fez o desespero de Rita aumentar.
Não que ela não tivesse vontade de fazer amor com ele, mas
ela não queria que fosse de uma forma tão banal.
- Não me lembro. Acho que bebemos demais...
–na verdade ele lembrava de tudo, mas também conhecia Rita muito
bem e sabia que quando ela o olhava daquele jeito era porque estava desesperada.
Então ele resolveu brincar um pouco com ela.
- Ai, meu Deus...não me diz que nós....você
sabe... –a voz dela saiu falhada.
- Não sei, quem tem que saber é
você, afinal de contas me trouxe pra cá...
- Não brinca comigo, Kevin....
- Não estou brincando, é verdade...você
me trouxe pra cá...
- E como é que eu não me lembro
de nada? –ela baixou a cabeça, colocando-a entre as pernas. Kevin,
percebendo que estava indo longe demais, levantou da cama e ajoelhou-se
em frente a ela.
- Ei...o que foi?
- Ah, Kevin... –ela estava quase chorando.
–Não dá pra acreditar que eu não lembro de nada...é
impossível...
Kevin deu um sorriso e abraçou-a:
- Sabe por quê você não
se lembra de nada?
- Por causa do saquê?
- Claro que não! Você não
se lembra de nada porque não aconteceu nada!
- Como assim?
- A Marcela nos pegou no restaurante e nos
trouxe pra cá. Preparou um café e depois nos colocou pra
descansar. Ela disse que estava cuidando do seu caso e que é pra
você não se preocupar com ele. Foi isso, apenas isso.
- Graças a Deus...
- Puxa, você realmente não queria
que isso acontecesse... –ele disse, fazendo biquinho.
- Não é isso, meu amor... –ela
acariciou os cabelos dele. –É que eu não quero que seja assim,
uma coisa banal...quero me lembrar de tudo...
- Você vai. Não se preocupe.
Eu sou inesquecível.... –ele riu.
- Seu convencido!!! –ela disse, dando um tapa
de leva no braço dele
Kevin abraçou-a e levantou-se
do sofá.
- Adoraria ficar com você mais tempo
e te prometo que isso vai acontecer, mas tenho que encontrar os outros
em alguns minutos e não gosto de me atrasar. Tem compromisso para
o próximo fim de semana?
- Não sei, tenho que ver se os conseguirei
um caso que vem me tirando o sono durante essa semana. Por que?
- Estamos de férias e gostaria que
viajasse comigo por um fim de semana.
- Seria um prazer, mas tenho que resolver
meus problemas primeiro. Eu te ligo no meio da semana. Vão ficar
no Plaza até quando?
- Acho que por mais dois dias.
- Então eu ligo pra lá. Qualquer
coisa, ligo pra Orlando.
- Vai ser ótimo ouvir sua voz... –ele
disse, puxando-a do sofá e colocando-a de encontro ao seu corpo.
Rita e Kevin foram se beijando
até a saída da casa, ela não conseguia acreditar que
tudo aquilo estava acontecendo. Assim que ele saiu, ela ligou para o escritório
de Marcela.
- curou a ressaca? –perguntou Marcela.
- é, com os beijos do Kevin cura-se
tudo...
- Hummmm, posso reparar que sua tarde foi
bem proveitosa.
- Marcela, não comece com suas pornografias....não
aconteceu nada...e por falar nisso, como vão os casos?
- Bem, você não vai acreditar.
Lembra aquele caso que estava te perturbando durante toda a semana?
- Claro! Tenho pesadelos horríveis
com ele.
- Pois é, estou trabalhando nele e
quando fui verificar um caso parecido que eu resolvi no Brasil, descobri
a peça que estava faltando. Agora você tem como pedir o recurso
que eles estavam negando. e esse caso será resolvido a nosso favor.
- Não acredito, Marcela. como você
descobriu isso?
- Depois eu te conto. Por falar nisso, o que
você está fazendo?
- Nada, estava pensando em voltar para o escritório.
- Nada disso. Eu disse pro chefinho que você
estava muito indisposta com umas coisas que comeu no almoço e que
não voltaria para cá hoje.
- Muito abrigado!!! Adorei a idéia.
Bem, então, já que não vou pra aí hoje, vou
cozinhar algo bem legal para o jantar. O que acha?
- Hummm, ótima idéia. Mas não
cozinhe muita coisa porque a Bel não vai comer com a gente.
- Por que não?
- Ah, Nick ligou pra ela e eles vão
sair depois do expediente.
- O Nick? Você quer dizer o Nick da
minha irmã?
- É, Rita, e não adianta ficar
fazendo esse bico e cheia de pensamentos horríveis sobre eles dois
porque o Nick também me convidou só que eu não quis
ir. Eles vão fazer compras. Nick quer que a Bel o ajude a comprar
presentes para Carlota.
- Tá falando a verdade?
- Claro que sim. Sabe muito bem que se alguém
estivesse traindo qualquer uma de nós eu diria. O Nick vai fazer
compras com a Bel, só isso.
- Se você está falando eu acredito.
Então quando você sair, passa naquela loja de vinhos e compra
uma garrafa. Vinho branco.
- Tudo bem. Alguma preferência?
- Italiano. Para combinar com o que vamos
comer.
- Vai fazer massa? Olha a bagunça na
cozinha. Sabe muito bem que a especialista em massas sou eu.
- Pára de graça, tá?
- Tô só brincando. Eu levo o
vinho. Ou melhor, vou ligar para a loja e pedir para eles colocarem uma
garrafa no gelo. Quando eu chegar lá pra pegar, já vai estar
gelado.
- Você é suas ótimas idéias...
–Rita disse, desligando o telefone logo em seguida.
Às 20:30, Nick entrou
no escritório para pegar Bel. Antes eles passaram na sala de Marcela
para saber se ela realmente não gostaria de fazer compras com eles.
- Interrompo? –perguntou Nick, que já
entrava na sala.
- Oi, Nick, claro que não. Entra, fica
à vontade. –respondeu Marcela, que oferecia uma cadeira para o novo
amigo se sentar, acompanhado de Bel.
- Nossa, isso aqui é legal, hein? E
que vista você tem... –comentou Nick, contemplando a paisagem de
NY.
Ficaram conversando por mais
½ hora, quando Nick foi interrompido por Bel:
- Nick, você não acha que vai
ficar tarde demais para fazermos compras?
- Não, Bel, quanto mais tarde ficar,
melhor. Não posso ser reconhecido já que não estou
com seguranças hoje.
- Tudo bem, então vamos, pois EU não
quero chegar tarde demais em casa. Afinal de contas, etnho que trabalhar.
Marcela, tem certeza de que não quer vir com a gente?
- Não quero não, gente. Tenho
que resolver uns problemas por aqui e depois marquei jantar com Rita. Ela
vai ficar furiosa se eu não aparecer.
- Diga que eu mando beijos pra ela. e pra
Carlota também, é claro. –disse Nick.
- Acho melhor você ligar para Carlota.
Ela deve estar sentindo saudade de você. –completou Marcela.
- Um dia ainda pego um avião e vou
até lá... –disse Nick.
- Acho melhor você esperar ela vir pra
cá. Acho que não seria uma boa idéia você aterrissar
de pára-quedas na casa dela, logo agora que está toda atolada
de provas na faculdade. –disse Marcela, acompanhando Nick e Bel até
a porta. –Boa diversão.
Bel e Nick iam andando pelo corredor
e ele não parava de olhar para Bel, que já estava incomodada
com aquilo.
- O que foi, Nick?
- Nada. Você é a 1a pessoa elegante
que sai comigo.
- Como assim?
- Olha só para você. Toda arrumadinha.
Meus amigos geralmente não se arrumam assim.
- Nick, estou trabalhando. Tenho que me vestir
assim. Tenho que te confessar que também me sinto incomodada de
sair vestida assim do seu lado.
- Por que? Estou mal vestido? –ele perguntou,
fazendo uma carinha de cachorro que caiu da mudança.
- Claro que não. É que essa
roupa que eu estou vestindo não é o meu tipo favorito
de roupa. –ela disse, olhando para o tailleur azul bebê que fazia
par com a blusa de gola alta num tom de azul mais escuro.
- Você está linda. Eu é
que me sinto “meio” horroroso com essa roupa...
- Não está não. Essa
calça cargo e a camiseta são roupas para se fazer compras.
Faça um favor pra mim e me espere 1 minuto.
- Por quê?
- Não faça perguntas. Apenas
confie em mim.
Nick entrou na sala as Marcela
e ficou ajudando a amiga a separar alguns papéis de um caso.
- Sabe, Marcela, se um dia eu tiver problemas
com a justiça quero que você seja minha advogada.
- Quê isso, Nick? Não vai acontecer
nada com você. É só se manter na linha.
- É, eu sei, mas quem sabe o quê
pode acontecer no futuro...
- Ai, Nick, que papo mais brabo...me dá
aquele arquivo que está atrás de você, logo ali...
Enquanto isso, Bel foi até
o estacionamento e pegou, dentro de uma bolsa, algumas roupas que ela sempre
levava com ela.
Isabel era o tipo de mulher prática
e prevenida. Sempre andava com roupas a mais no carro, para o caso de querer
fazer jogging no Central Park ou pegar um cinema. Olhou em sua volta e
ao perceber que não havia ninguém lá, entrou no sedã
azul e começou a trocar de roupa.
****
- Oi, Carlota, aconteceu alguma coisa?
- Não, maninha...só quero dizer
que vou entrar de férias em 1 semana e queria saber se posso ir
pra aí...
- Claro que sim...nem que a gente arranje
um lugar pra você no teto, você vem pra cá essas férias.
Marcela e Bel vão adorar Ter você aqui.
- Estou louca para conhecer essa Bel...vocês
falam tanto nela...
- É um amor de pessoa...
- Por falar nisso, se não me engano,
você não deveria estar no escritório a uma hora dessas?
- É...é que aconteceu uma coisinha
e eu fiquei em casa...
- Que coisa, Rita? Não vai me dizer
que você foi despedida?
- Eu, hein? Ficou maluca? Acha que iriam despedir
uma mulher competente como eu? Não foi nada demais...o Kevin apareceu
e nós fomos almoçar juntos. Só que eu tomei um pouquinho
a mais de saquê e tive que ficar o resto do dia em casa...
- Além de tudo esse aí ainda
te embebeda....é por isso que não vou com a cara dele...
- Ai, Carlota...tadinho do meu amor...
- Peraí....cê falou em Kevin?
- Falei, por que?
- E o Nick? Como ele está?
- Tá bem...esteve aqui em casa com
o Kev a alguns dias...
- Ele perguntou por mim?
- Claro que sim. Ele sempre pergunta.
Rita ficou conversando por mais
alguns minutos com Carlota e não contou a irmã a surpresa
que Nick estava planejando para ela: comprar muitos presentes e mandá-los
todos para ela.
***
Bel voltou para o escritório
e encontrou Nick na sala de Marcela, como ela havia dito a ele para fazer.
Quando ela entrou na sala com uma calça jeans bem desbotada, quase
branca, uma baby look azul bebê e o casaquinho azul um pouco mais
escuro amarrado na cintura, Nick levantou e olhou para ela espantado:
- Pensei que você não conseguiria
ficar mais bonita do que estava a alguns minutos atrás...
- Ai, Nick... –ela disse, sem graça.
- É verdade...você está
linda...
- Hum hum.... –Marcela interrompeu a melação
de Nick. –Não se esqueça que tem uma namorada que te ama,
Nick...
- Nunca me esqueceria daqueles olhos lindos....estou
apenas elogiando minha mais nova amiga... –ele disse, abraçando
Bel.
- Sei...não seria melhor vocês
irem fazer essas compras? Daqui a pouco as lojas fecham...
- É, Nick, é melhor nós
irmos. Marcela quer trabalhar...
- Tchauzinho, Marcela. –Nick disse, beijando
a amiga no rosto.
- Tchau, Nick, se comporta...você também,
Bel, cuida do Nick direitinho...
- Cuidar de mim? Eu é que tenho que
cuidar dela, afinal sou mais velho...
- Só que as mulheres desenvolvem o
cérebro mais rápido que os homens. –disse Marcela
- Mas...
- Ih, não vamos discutir sobre isso,
gente. Nick, vamos logo. Nós vamos nos comportar muito bem, viu
Marcela? –disse Bel, saindo da sala com Nick.
***
Rita estava saindo do banho quando
o telefone tocou.
- Planos para hoje à noite? –perguntou
a voz.
- Oi! Estava pensando em você...
- Não vai me responder?
- Bem, pensava em sair com meu namorado mas
ele não me ligou...
- Gostaria de sair com um moreno, alto, bonito
e sensual?
“Quem sabe eu não sou
a solução dos seus problemas?”, Rita completou em seus pensamentos,
rindo logo em seguida.
- O que foi?
- Nada não. Um dia eu te explico...
- Mas vai aceitar minha proposta?
- MM, deixe me ver...
- Talvez possa ser nossa última noite
juntos.
Rita ficou séria, segurando
o telefone. O simples fato de pensar em ficar mais semanas longe dele partia
o coração dela.
- Kevin, do que você está falando?
- Bem, recebi um telefonema de Orlando assim
que cheguei ao hotel e temos que voltar para lá o mais rápido
o possível.
- Aconteceu alguma coisa?
- Nada de grave, eles querem resolver algumas
coisas sobre umas músicas.
- E quando voltam?
- Amanhã de manhã.
- Ahhh... –Rita não conseguia disfarçar
o descontentamento.
- E aí?
- E aí o quê?
- Vai sair comigo?
- Claro que sim! Aonde vamos?
- A um restaurante. Depois podemos sair para
dançar, o que acha?
- Perfeito! Maravilhoso! Quer que eu me encontre
com você no hotel?
- Mas que bobagem vinda de lábios tão
lindos... –Kevin disse sorrindo.
- Por quê?
- Aonde já se viu? Fazer uma dama sair
de sua casa para se encontrar com um homem?
- Os tempos mudaram, Kevin.
- Não para mim. Não foi essa
a educação que meus pais me deram. Arrume-se porque em ½
hora estarei aí.
- ½ hora? Kevin! É pouco tempo!
- Eu não quero perder 1 minuto dessa
noite...
Ouvindo o que ele disse, Rita
até desistiu de comentar mais alguma coisa. Desligou o telefone
e foi correndo para o quarto.
Abriu o closet e viu-se diante
de vários vestidos e não conseguia encontrar o ideal. “Preto?
MM, discreto e elegante”, “Azul? É a cor favorita dele...”, “Vermelho?
Chamativo, paixão, fogo, capa de tablóide pela manhã.
Não, nem pensar. Definitivamente, o vermelho está fora.”
Ela olhou novamente para o vestido e teve uma idéia que era rapidamente
associada àquela cor.
- Alô?
- Marcela! estou com um problemão!
- O que foi? O Kevin ficou impotente?
- Hahaha, deixa de graça. Nós
vamos sair e eu estou em dúvida. Que vestido eu coloco?
- Opções?
- Preto, azul, vermelho.
- Preto...muito simples...azul...muita bandeira,
é a cor favorita dele...vermelho...ficaria ótimo...em mim,
em você é, no mínimo, chamativo...
- Ah, que ótimo! Recusou todas minhas
opções. O que eu visto? Quer que eu vá nua?
- O Kevin não iria reclamar...
- Você está muito animadinha
hoje, hein? O que aconteceu? Tem alguém aí? Alguém
que possa ser representado pelo número 69?
- Pare com isso. Não quero falar sobre
esse assunto. –Marcela disse séria, o que fez Rita engolir o seco.
Nunca pensara ouvir sua amiga falando daquele jeito de AJ.
- Tudo bem...
- Eu sugeriria o cinza.
- O quê?
- O vestido. O cinza.
- Ah, tá... –Rita ainda estava meio
bolada com o tom de Marcela. – Tem certeza que o cinza vai ficar bom?
- Claro! É discreto, elegante, sexy,
e fica maravilhoso em você. Coloque com o scarpin grafite, prenda
o cabelo num coque alto com alguns fios caindo e use meu cordão
de pedras cinza em formato de folhas.
- Nossa! Que estilo! Obrigada, consultora
de moda! Aonde aprendeu isso tudo?
- Esse é o jeito que eu me vestiria
para sair com um homem como o Kevin.
- Vou ignorar seu comentário.
- Eu disse um homem COMO ele e não
ele.
- Melhorou e...boa noite.
- Boa noite e não exagere no saquê.
Não quero invadir outro restaurante.
- Ai, nem me fale em saquê...estou traumatizada.
Elas desligaram o telefone e
27 minutos depois Rita estava deslumbrante, esperando por Kevin, que entrou
pelo jardim exatamente 3 minutos depois. Ele surpreendeu-se com a beleza
dela e após conversarem e trocarem beijos apaixonados, seguiram
para o restaurante francês. Quando Kevin disse a Rita que eles iriam
ao tal restaurante, ela olhou-o espantada e perguntou aonde ele havia arranjado
aquele lugar.
- Ah, meu amor. NY é a babilônia,
tem tantas opções...NY é o mundo em um estado. Podemos
comer qualquer tipo de comida, se bobear, até comida brasileira,
mas sinceramente eu prefiro provar a sua. –ele respondeu, beijando-a e
ligando o motor do carro.
***
- O que você acha desse suéter?
- Verde, Nick?
- Qual o problema?
- Por que não azul?
- Azul de novo? Já olhou para as bolsas?
Só tem roupa azul...
- Azul é uma cor maravilhosa. Pelo
que conheço de Carlota, ela vai adorar essas roupas. Ela vai ficar
linda.
- Ficaria muito melhor em verde.
- Azul é mais bonito, Nick.
- Tudo bem, não vou discutir com você.
Levamos os dois, um azul e outro verde.
Eles rodaram por muitas lojas.
Bel, sempre querendo comprar roupas azuis, enquanto Nick optava pelo verde.
Mal sabiam eles que Carlota amava uma cor bem diferente daquelas: rosa.
Depois de 1 hora rodando todos
os andares da Bloomingdale’s, Nick achou que já era hora de comer.
Ele achou que seria legal ir até o Mc Donald’s, mas Bel disse que
poderiam aparecer fãs lá por ser um lugar muito público.
Ele então perguntou aonde poderiam jantar e ela apenas disse para
ele confiar nela.
***
Marcela deixou o escritório abarrotada de papéis. Mais uma vez aquele seria um dos casos que ninguém conseguia resolver e novamente ele caía nas mãos dela. “Eu sou a única com competência suficiente para resolver essas coisas...”, ela pensava, rindo. “E a mais modesta também...”. Ela entrou no carro e seguiu para casa. Podia fugir, mas não se esconder. Estava com uma fome enorme.
***
Bel e Nick estacionaram o carro
dele no restaurante que ela havia indicado. Era um restaurante italiano,
afastado da parte mais movimentada de NY. Eles entraram no lugar e todos
pareciam conhecê-la e na verdade conheciam. Bel morara durante alguns
meses perto daquele lugar e sempre comia ali e acabara ficando amiga dos
donos do restaurante.
- Olá, menina Bel! –disse Joseph, o
dono do lugar. –Como vai você?
- Muito bem, Jo. Poderia nos arranjar uma
mesa?
- Claro, me acompanhem.
Joseph levou-os até uma
mesa num canto bem reservado do restaurante. Ele sabia que Bel odiava ficar
no meio do restaurante e ser observada por todos. No caminho, as pessoas
não paravam de olhá-los. Nick chamava muito a atenção
(principalmente pela bunda, diga-se de passagem...) e provavelmente algumas
delas o reconheceram. Mas ao mesmo tempo que achavam que era Nick Carter
dos BSB que estava ali, não acreditavam que ele pudesse estar ali
sem nenhum segurança.
- Namorado novo? –Joseph perguntou assim que
eles sentaram.
- Não. Esse é meu primo Patrick,
que mora em Los Angeles e veio passar uns dias por aqui... –Bel mentiu.
- Bem, então fiquem à vontade.
– o homem disse, retirando-se.
- Patrick? –Nick perguntou.
- Foi o 1o nome que veio à minha cabeça.
- Mas você é maluca mesmo...
***
Kevin e Rita jantaram animadamente,
sob olhares invejosos de muitas pessoas. Mas eles nem notaram. Mesmo se
uma bomba caísse sobre NY eles saberiam o que estava acontecendo,
tamanha felicidade dos dois.
Após o jantar, Kevin levou-a
até uma danceteria. Como conhecia o DJ da casa, pedia músicas
românticas à toda hora para dançar com Rita.
No fim da noite, acompanhado
de um buquê de rosas e um lindo anel de ouro, ele convidou-a para
passar a noite com ele, prometendo que eles só fariam o que ELA
quisesse.
***
Marcela, após tomar seu
banho e colocar o já tradicional vestidão branco, preparou
seu jantar. Olhou em todos os armários e depois de muito procurar,
fez macarrão com um molho que inventara na hora.
Após o jantar, ela sentou-se
no sofá da sala e começou a analisar os papéis do
caso. Depois de muito olhar, chegou à conclusão de que iria
precisar da ajuda de Rita, pois a amiga já havia resolvido um caso
como aquele.
Detestava interromper, mas resolveu
ligar para o celular dela.
***
No restaurante de Joseph, Bel
e Nick deliciavam-se com a culinária italiana. Ele, mergulhando
de cabeça na pizza de calabresa e ela, morrendo de amores pelo macarrão
com queijo, do jeitinho que ela adorava, que era preparado com todo amor
pela esposa de Joseph, Madison.
Ao ver o prato de Bel, Nick comentou,
rindo:
- Você está igualzinha ao meu
amigo Brian...
Ela quase engasgou com o macarrão
ao ouvir o nome de seu grande amor. Ficou tentada a estender o assunto
e começar a falar de seu patinho, mas manteve a pose e contentou-se
com um seco:
- Por quê?
Nick continuava rindo:
- Você ainda pergunta? Adora azul e
macarrão com queijo. Ou melhor: queijo com macarrão...
- Coincidências...isso acontece. –ela
falou, meio sem graça.
- Quer saber de uma coisa?
- O quê?
- Com tantas coisas em comum, vocês
fariam um ótimo casal.
Bel, que estava acabando de mastigar,
engasgou com o comentário de Nick e tomou a taça de vinho
de um gole só.
- É, Nick...não se esqueça
que ele é noivo... –ela falou com um aperto no coração.
- É, isso é o detalhe chato.
Se ele não estivesse noivo, bem que eu te apresentava a ele...
***
Ao desligar o telefone e descobrir
que Rita iria passar a noite com Kevin, Marcela decidiu dormir. Não
ia receber a ajuda que queria, então dormir seria a melhor solução
para aquele fim de noite.
Estava subindo as escadas quando
a campainha tocou. Não poderia ser uma das meninas, pois elas tinham
a chave. Pensou em deixar a pessoa tocando a campainha, mas era por demais
curiosa. Parou no primeiro degrau:
- Quem é? –ela tinha a mania incorrigível
de perguntar e não olhar pelo olho mágico.
- Sou eu, Marcela.
Ela fechou os olhos e baixou
a cabeça. Reconheceria a voz dele em qualquer lugar do mundo. Ficou
tentada em abrir a porta e mandá-lo entrar, mas ao lembrar-se do
que ele havia lhe dito, uma raiva crescente subiu-lhe e ela gritou:
- Vai embora, AJ!
Marcela esperava pela resposta
dele. pelo pouco que conhecia de AJ sabia que ela insistiria para entrar
e ela, após muito reclamar, o deixaria entrar. Ela recebeu como
resposta o silêncio. Passaram-se 2 minutos e eles foram os mais longos
da vida dela. Ela achou que deveria ser mais um dos joguinhos dele. ela
iria acabar abrindo a porta encontrando-o bem à sua frente, com
o sorriso mais descarado do mundo.
Marcela estava sentada no 1o
degrau da escada esperando por algum movimento da parte de AJ, quando ouviu
o barulho do carro, uma cantada de pneus. Ela saiu correndo e ao abrir
a porta viu o carro descendo a rua. No caminho, ela havia tropeçado
em alguma coisa, mas nem notara o que havia sido. Estava mais interessada
em falar com ele.
Quando voltou para ver no que
havia tropeçado, Marcela deparou-se com um enorme buquê de
lindos girassóis amarelos como eles só. Ela sorriu e bateu
a porta da casa.
Marcela sentou-se no sofá
e cuidadosamente tirou o cartão que acompanhava as flores. Ficou
sem palavras ao lê-lo e a única ação que teve
foi chorar.
***
Era quase 2 horas da manhã
quando Bel chegou em casa. Nick havia escoltado seu carro até lá.
Depois que saíram do restaurante, foram até o escritório
de Bel pegar o carro dela. Ela insistiu dizendo que sria a maior volta
para Nick e que seria melhor ele voltar para o hotel pois deveria estar
muito cansado, mas ele fora taxativo em dizer que não deixaria a
amiga guiando o carro pela madrugada fria de NY.
Depois de despedir-se de Nick,
Bel estacionou o carro na garagem e entrou na casa. Encontrou Marcela dormindo
abraçada ao buquê de girassóis. Podia perceber, mesmo
com a amiga dormindo, que pelo estado em que ela se encontrava ( o nariz
muito vermelho e os olhos inchados), que ela havia chorado. E muito. Colocou
o braço de Marcela, que pendia do sofá para cima e tirou
o pequeno cartão da mão dela. Não queria ler, mas
sabia que Marcela mostraria a ela de qualquer jeito, então não
havia para quê prolongar o suspense. Abriu-o e após lê-lo
entendeu porquê Marcela estava naquele estado. Podia refazer a cena
perfeitamente em sua cabeça. Olhou novamente para o cartão:
“Marcela,
não queria ir embora sem antes
olhá-la e pedir desculpas pelo que disse.
Infelizmente isso não será
possível, pois não me deixaste entrar.
Mesmo assim, saiba que me arrependi.
Adeus.
AJ.”
Bel pensou em chamar a amiga para ir para o quarto, mas decidira que era melhor não atrapalhar o sono dela. Sabia que Marcela ficava extremamente irritada quando era acordada. Pegou e edredon do quarto, colocou as flores no vaso, cobriu a amiga e foi dormir.
***
- E aí, AJ? Ela gostou das flores?
- Não sei, Howie. Não esperei
pra ver.
- Como assim? Por falar nisso, quem é
essa garota? Você não me falou o nome dela.
- E nem vou falar. Boa noite.
- Que humor, hein? Ela te deu um fora? Mais
um?
- Não enche, Howie, vai cuidar da sua
vida que é o melhor que você faz. –AJ respondeu, indo logo
em seguida para o quarto. Queria esquecer aquele dia e aquela mulher.
***
Rita acordou pela manhã
e não achou Kevin ao seu lado. Levantou-se e percebeu que estava
com o blusão azul dele. caminhou até o banheiro mas a porta
estava trancada. Pelo barulho, Kevin estava no banho. Sentou-se à
mesa da sala, que estava lotada de malas e ficou esperando ele sair. Quando
olhou no relógio e viu que já era quase 8 horas, voltou para
o quarto e se arrumou. Quando estava acabando de colocar o vestido, Kevin
chegou por trás dele e ajudou-a a fechar o zíper.
- Pensava em fugir de mim? –ele perguntou,
enquanto beijava a nuca dela.
- Já viu a hora? Vou chegar atrasada
no escritório e você, na sua viagem.
- Chegariam atrasado em qualquer viagem por
sua causa.
- Ah, meu amor que lindo...
- É verdade, mas já que você
está tão atrasada, deixe-me colocar uma blusa e eu te levo
até sua casa.
- Não será necessário.
Os outros devem estar esperando por você.
- Eles podem esperar.
- Não se preocupe. Eu pego um táxi.
- Já que você insiste, eu faço
questão de chamar um pra você.
Rita deu um rápido beijo
em Kevin e enquanto o namorado chamava um yellow cab, ela foi até
o banheiro dar um jeito no cabelo e no rosto.